terça-feira, 5 de outubro de 2010

Itamar defende mudança de discurso de Serra por vitória

Senador eleito pelo PPS sugere discussão de temas que ficaram de fora do 1º turno

O senador eleito Itamar Franco (PPS) defendeu nesta terça-feira (5), em Belo Horizonte, que o candidato a presidente do PSDB, José Serra, mude radicalmente o discurso. Caso contrário, será muito difícil que tenha chances de vencer a eleição da candidata a presidente do PT, Dilma Rousseff. Serra terá que mudar o discurso não só para conquistar os votos dos eleitores que votaram na senadora Marina Silva e no PV, mas para fazer um bom combate.
Para Itamar, ter o apoio de Marina é fundamental, mas não adianta conquistar este voto se Serra não mudar o discurso.Essa mudança radical precisa acontecer não só em relação a aspectos estruturais da campanha, mas também na discussão de temas que não teriam sido abordados de forma aprofundada como a posição do pais na política externa, em relação às energias nuclear e eólica, além da robótica. Nos debates na televisão, por sua vez, o candidato deve mostrar que não tem medo do confronto.
Itamar disse que Minas quer ouvir o que Serra quer fazer para o Brasil e em que suas propostas se diferenciam das apresentadas por Dilma. Ele deve também não esconder ninguém na campanha, em referência ao ex-presidente Fernando Henrique (PSDB), excluído do processo eleitoral, como também incluir no debate o impacto do Plano Real. “Chegou a hora da verdade. Serra tem que sair do casulo e mostrar a que veio”, defendeu.Itamar, no entanto, alertou que se Serra não mudar o discurso não vai adiantar qualquer esforço das lideranças em Minas, porque não irá surtir efeito. Na perspectiva oposta, ele acha que Minas pode ser o estuário desta nova eleição para reverter a posição de Serra apontada nas pesquisas e o eleitorado, por sua vez, estaria sensível a este movimento e a resistir à atuação do presidente Lula e Dilma no Estado.
O ex-presidente disse que Serra sabe que terá que tirar uma diferença grande em relação à Dilma de, pelo menos, 12 milhões de votos.Itamar sugeriu ainda que o senador eleito Aécio Neves (PSDB) seja o coordenador da campanha do tucano. Ele teria as credenciais para exercer este papel, porque teria demonstrado seu poder de organização no primeiro turno pela reeleição do governador Antônio Augusto Anastasia (PSDB), a sua eleição para o Senado e do próprio Itamar. Como a eleição no Estado já foi decidida, não haverá desculpas, segundo ele, para a não participação de Minas.
O senador eleito reiterou a sua análise de que o Senado é frágil e subalterno, esquece suas prerrogativas constitucionais e sofre a influência negativa do Executivo e precisa, portanto, mudar sua postura. Ele acha também que Serra precisa dizer que será um presidente que não vai interferir no Senado como teria feito Lula.
O ex-presidente admitiu que suas sugestões podem não agradar Serra como aconteceu no primeiro turno onde teriam lhe pedido para calar a boca. Entre os conselhos ditos ao tucano estão o de que se não quer falar mal do adversário não devia, por outro lado, elogiar. E também que um político não deve simplesmente aceitar pedido de desculpas, mas que ele seja feito de público, da tribuna.Ao ser questionado se Serra for eleito se não pode atrapalhar o projeto de Aécio ser presidente, Itamar foi cauteloso ao considerar difícil avaliar o que vai acontecer daqui a quatro anos.Itamar disse que vai defender que em uma reforma política a existência do candidato independente que tenha liberdade em um quadro partidário que considera artificial.Itamar acusou parte dos adversários filiados ao PT de terem abusado da democracia ao fazer uma “campanha suja”.
Ele também disse que o presidente Lula e Dilma fizeram uma “campanha violenta com presença também por telefone, mas não conseguiram impedir que Anastasia, Aécio e ele próprio fossem eleitos. O resultado da eleição mostraria que os mineiros não recebem orientação de fora para definir o seu voto.

Fonte: Jornal Hoje Em Dia OnLine -Reportagem de:Dilke Fonseca

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